Análise de The Last of Us - Joel, Ellie e Abby
AVISO: Este texto é uma reflexão profunda sobre a narrativa de The Last of Us, é destinado àqueles que já conhecem a história de Ellie e Joel. Contém spoilers!
Um tema marcante em produções de apocalipse zumbi é como os personagens precisam se amparar em um motivo para viver - ou uma razão para não enlouquecer - geralmente, esse motivo, o que os faz continuar vivendo, é a presença de outra pessoa, o afeto que isso gera. Isso nem sempre aparece logo de cara, mas vai revelando ser algo profundo desse tipo de universo. Em The Last of Us isso é o tema central, toma conta das cenas mais dramáticas do jogo e da série, é o que dirige o sentido da narrativa. Está no drama do começo, do meio e do final da Parte I (a primeira temporada da série) e aparece como uma teia de consequências na Parte II (segunda temporada e futura terceira), quando uma outra perspectiva, uma outra protagonista revelará o seu mundo interior.
Análise narrativa de The Last of Us
No mundo devastado pela pandemia do fungo cordyceps, onde a maioria dos outros humanos, ou já morreram, ou são infectados, encontrar alguém que os motive a seguir adiante não é apenas uma questão de preenchimento e alegria, mas uma questão de ter forças para sobreviver, e mais do que isso, uma âncora para não perder a sanidade. Pois em The Last of Us, não são apenas os infectados que perdem a sua humanidade, os humanos sobreviventes também podem se desumanizar, tornando-se capazes de coisas horríveis. Este mundo é dominado pela desconfiança e ameaça que os outros, os estranhos, representam. Dessa forma, encontrar alguém com quem se consiga estabelecer uma conexão verdadeira é o que mantém a mente dos personagens sob a âncora da humanidade, é o que os faz ter forças para seguir e lutar. No decurso de The Last of Us, tanto Joel quanto Ellie e Abby perdem essa âncora. O trauma mudou para sempre Joel depois da morte de sua filha Sarah, Ellie depois da morte de Joel e Abby depois da morte de seu pai.
Explorando a narrativa nos jogos
A seção Narrativa do Mapa do GamesVida se dedica a explorar o universo narrativo dos games, a arte de contar histórias no mundo interativo dos jogos eletrônicos. Nesta postagem, vamos investigar os traumas de Joel, Ellie e Abby, eventos que mudaram para sempre suas personalidades e moldaram a narrativa de The Last of Us. Mas antes, vamos compreender o que existe de característico nos universos de apocalipse zumbi, pois muitos compartilham semelhanças. O texto a seguir contém alguns spoilers não somente de The Last of Us, mas também de outras produções como: A Noite dos Mortos Vivos, The Walking Dead, Resident Evil, REC e All of Us Are Dead. Observar outras produções de apocalipse zumbi nos ajuda a compreender o que é tão dramático nesse gênero e, também, o que torna The Last of Us tão especial.
Depois do apocalipse
Existe uma gigantesca diferença entre o mundo antes e depois do apocalipse. Antes, o mundo era igual ao nosso; depois da infestação de zumbis, tudo saiu do lugar, a cidade está revirada, arrasada e devastada, habitada por hordas de zumbis, suas lojas, drogarias e supermercados agora são fonte de saque e coleta, mas também de perigo. Não há Estado de Direito que garanta nem o mínimo de segurança, um lugar seguro hoje pode não ser um lugar seguro amanhã, não há Lei, exceto a lei do mais forte e da sobrevivência.
Alguns grupos até tentam viver eticamente, ajudando os outros e se protegendo, mas são ameaçados por bandos de zumbis, necessidade de procurar recursos em lugares perigosos e, algo que pode ser pior do que os zumbis, outros sobreviventes armados e perigosos, dispostos a matar, roubar e coisas muito piores. Na desolação do apocalipse zumbi, a violência se torna mais extrema, esse gênero é responsável por algumas das cenas mais perturbadoras da cultura pop em termos de brutalidade, os personagens desse mundo estão mais sujeitos a mortes extremamente violentas.
O terror do cordyceps
Em The Last of Us, o terror que a imagem e a presença dos infectados inspira, assombra os sobreviventes não apenas pelo medo de morrer, mas de se tornar um deles, perder completamente sua humanidade e ser controlado por um fungo. Basta uma mordida para se tornar um infectado, o que leva a decisões drásticas, matar inclusive pessoas queridas para que não se transformem. Os sobreviventes também têm a amarga lembrança de ter perdido pessoas queridas durante o caos do apocalipse zumbi, além disso, no mundo que restou, pós apocalipse, as perdas são tão constantes que, muitas vezes, nem sobra tempo para o luto. Vivem constantemente com medo de morrer e, o que é pior: perder pessoas queridas.
Conexão
Diante de todos os traumas, da perda de tantos humanos, da destruição da civilização, dos perigos das hordas de mortos-vivos e sobreviventes hostis, desumanizados, vem a pergunta: onde encontrar forças para seguir em frente? Por que e para que sobreviver? Qual é o sentido disso tudo? A resposta está nas pessoas com as quais se consegue estabelecer uma conexão, um vínculo de amizade e companheirismo. É por essas pessoas que os personagens sobrevivem, é por elas que lutam, elas são o motivo de viver, de não enlouquecer, de enfrentar todos os obstáculos para continuar existindo. E para a sua proteção, os protagonistas fazem qualquer coisa, inclusive matar se for preciso. Depois que Joel estabeleceu uma conexão profunda com Ellie, ele não conseguiu mais deixá-la. Queria protegê-la, ser o “pai” dela, reviver aquela sensação quando tinha sua filha Sarah.
George Romero
O tema da importância de outra pessoa, pela qual se tem uma conexão profunda, é fundamental em The Last of Us, é o centro da trama, mas não é exclusivo desta obra. Está em muitas outras do gênero apocalipse zumbi, já estava presente, de alguma forma, no clássico de George Romero: "A Noite dos Mortos Vivos" (1968). O filme começa com dois irmãos seguindo de carro até um cemitério afastado. Após o confronto com o primeiro zumbi, o irmão cai e bate a cabeça; a irmã foge, se escondendo em uma casa, logo encontra outros sobreviventes. Não somente pelo choque que a presença dos zumbis causa, mas também pela ausência e preocupação com o irmão, aos poucos a irmã vai enlouquecendo, mal consegue falar, apenas a memória do irmão ocupa sua mente.
Lá na casa, onde estão os sobreviventes, a relação também se dá em pares: um casal de namorados; uma família com pai, mãe e filha; e os dois protagonistas: Ben (um homem que procura liderar o grupo) e Barbra (a irmã sobrevivente que incorpora o enlouquecimento, a perda do eu e o medo daquela situação). No clássico de Romero, além da relação de afeto, também havia a relação de hostilidade com outros sobreviventes. Existe tanto a amizade, a relação de conexão com uma pessoa pela qual se luta, quanto a desconfiança de outros sobreviventes desconhecidos. No filme, o pai, super desconfiado, até mesmo paranoico, coloca em risco a vida de Ben, com o qual entra em conflito, fecha ele fora da casa, junto aos zumbis, mas ele sobrevive, entra na casa e mata o desconfiado. Portanto, já no clássico de Romero, os conflitos não são apenas contra os zumbis, mas também entre os sobreviventes.
The Walking Dead
A série The Walking Dead começa com a amizade entre Rick e Shane, dois policiais em um dia de trabalho, Rick é baleado e fica em coma em um hospital, quando desperta, o mundo está devastado pelo apocalipse zumbi, sua preocupação: encontrar a sua família, a esposa Lori e o filho Carl. Quando Rick os encontra, eles estão vivendo com um grupo de sobreviventes, à partir de então, protegê-los é o que lhe dá forças para seguir adiante. Mas Shane, que havia protegido Lori e Carl, entra em conflito com Rick, espera que este tome decisões mais duras, fazendo o que considera necessário para a sobrevivência. A divergência resulta em tragédia, Shane, ex-melhor amigo, vai se tornando perigoso, ele havia se apaixonado por Lori, a esposa do amigo, teve um relacionamento com ela e achava que podia cuidar melhor dela e do filho de Rick. Uma noite, Shane prepara uma armadilha para Rick, tenta assassiná-lo, mas é morto pelo amigo, que estava percebendo suas intenções.
Na série The Walking Dead, as atitudes mais drásticas, quando Rick e seu grupo matam outras pessoas, eles o fazem para a proteção do grupo, porque encontram sobreviventes hostis, nos quais não é possível confiar e que representam uma ameaça para Rick, sua família e seu grupo. Nesse universo, estabelecer alguma amizade com sobreviventes recém encontrados é algo que pode ser bastante problemático, existe o medo de que os outros possam assassiná-los apenas para não ter que dividir os poucos recursos que restaram, como comida, abrigo, remédios e munição; mulheres podem ser especialmente vulneráveis, vítimas de estupro; diante de novos sobreviventes, sempre paira a desconfiança de que o outro possa ser uma ameaça. No jogo da Telltale, The Walking Dead (2012), em um dos momentos tensos, seu grupo encontra o que parecia ser uma família acolhedora, hospedando com fartura de alimentos. Tudo parecia tranquilo, mas, na verdade, essa “boa” família, estocava e se alimentava de carne humana. Se os “hóspedes” não tomassem cuidado, poderiam ser a próxima refeição: nunca se sabe quais perigos podem haver nas comunidades que povoam os universos de apocalipse zumbi.
Resident Evil
Em grande medida, a trama narrativa de Resident Evil também é direcionada por essa luta pela proteção de outra pessoa, pela qual se tem ou se criou um vínculo forte. Claire, em Resident Evil 2, entra em Raccoon City procurando por seu irmão Chris, desaparecido. Lá encontra Sherry, a garotinha que irá proteger. Leon, em Resident Evil 4, tem como missão resgatar a filha do presidente, Ashley, e acaba criando uma conexão emocional com ela, se arriscando e lutando para protegê-la. Jill, em Resident Evil 3, começa desconfiando de Carlos, principalmente porque ele faz parte das forças da Umbrella. Mas, em determinado momento do jogo, quando Nemesis consegue aplicar o vírus em Jill, deixando-a vulnerável, Carlos arrisca a vida para salvá-la e consegue uma vacina para ela. No curso do game, um ajuda e salva o outro. Já em Resident Evil 7, Ethan entra na história, passando pelos horrores de Resident Evil, porque procura sua esposa desaparecida. Da mesma forma, existem os personagens perigosos, de caráter antiético, não são zumbis, mas são profundamente desumanos, talvez o mais notável seja Albert Wesker.
REC
O filme espanhol REC 3: Gênesis (2012) apresenta uma versão muito interessante deste tema, que é comum a muitas obras do gênero terror com zumbis: a luta para proteger aquele que amamos. Trata-se da história de dois noivos, Clara e Koldo, em sua festa de casamento, o evento se passa em uma mansão, logo, os zumbis surgem, causando enorme caos, mordem os convidados, que se transformam em novos zumbis. O casal Clara e Koldo se separa, luta para sobreviver e, principalmente, faz de tudo, arriscando a própria vida, para encontrar seu par, o noivo busca a noiva e a noiva busca o noivo.
Quando estão prestes a escapar e sobreviver, a noiva é mordida no braço por um zumbi, em uma tentativa desesperada para salvá-la, o noivo corta o braço da noiva para que a infecção não se espalhe pelo corpo. Então Koldo leva Clara nos braços, descobre que o local havia sido colocado em quarentena, encontram a polícia protegendo o local, mas Clara começa a se transformar em zumbi, a polícia, de armas apontadas, pede que Koldo a deixe. Mas ele se recusa a deixar a noiva infectada, beija-lhe os lábios e prefere morrer com ela, mesmo sendo mordido por ela já transformada em zumbi, a polícia dispara matando o casal.
Henry e Sam
Não é somente no gênero apocalipse zumbi que se encontram histórias em que os protagonistas procuram proteger ou salvar outra pessoa pelas quais possuem uma conexão, existem outros gêneros com essa temática. A diferença está no modo como um mundo assolado por zumbis, com poucos sobreviventes, alguns deles hostis, pode tornar tudo ainda mais tenso e dramático. A história de Henry e Sam em The Last of Us Parte I deixa isso bem claro! Henry é o irmão mais velho que protege o mais novo, Sam, ainda criança. Joel e Ellie os encontram quando estão tentando atravessar uma cidade habitada por bandidos, que matam quem aparece só para roubar recursos. Quando os quatro finalmente conseguem deixar a cidade e fugir de um bando de infectados, tudo parece tranquilo.
Até que, depois de uma noite, quando todos despertam e Ellie vai sozinha acordar Sam, ele, infectado, a ataca - havia sido mordido no dia anterior, mas escondeu isso de todos - enquanto Ellie está tentando se proteger de Sam infectado, Joel busca desesperadamente sua arma, mas Henry dispara próximo a Joel para impedi-lo de agir, protegendo o irmão, mesmo infectado. A tensão vai aumentando, Ellie está em risco, Sam está quase mordendo-a no pescoço, onde a imunidade não a salvaria. Até que Henry decide finalmente atirar na cabeça do irmão infectado, salvando Ellie. Desesperado com o que aconteceu com Sam, Henry aponta para Joel, se descontrola, tremendo e diz: “foi tudo culpa sua!”... rapidamente atira na própria cabeça, se suicidando. O irmão era o motivo pelo qual vivia, acreditava que era sua responsabilidade, o choque fez com que não suportasse mais viver. A história de Henry e Sam revela como é dramático no universo do apocalipse zumbi a perda da pessoa pela qual se tem uma conexão profunda.
All of Us Are Dead
Esta tensão também está presente na série coreana de zumbis "All of Us are Dead". Segundo a pedagogia, uma escola deveria ser um ambiente acolhedor, não somente de aprendizado, mas desenvolvimento intelectual e moral. Só que a série mostra casos graves de bullying, um pai, que era também professor de uma escola onde o filho sofria bullying constantemente e havia tentado por diversas vezes o suicídio, após esgotar todas as alternativas legais para proteger seu filho, tentou usar seu conhecimento científico para resolver a situação, procurou alterar o comportamento do filho injetando-lhe substâncias, para que ele reagisse aos agressores, para que pudesse se defender, já que como pai, não suportava mais o que acontecia com o filho.
Só que o resultado da sua pesquisa gerou o vírus que transformou pessoas em zumbis. A série coreana contém tanto as relações de conexão entre pares, com diversos relacionamentos entre os personagens, quanto a desumanização presente mesmo entre alguns daqueles que não são zumbis: os próprios alunos que cometiam bullying já eram desumanos. Já o pai e professor, desamparado, como muitos outros personagens típicos de obras desse gênero, buscou proteger seu filho, mas, no processo, criou os horrores do surto de zumbis. No curso da série, são os relacionamentos que motivam a ação dos personagens, é para proteger seus afetos que os personagens se movem. Mas, existem também, aqueles que antes e depois do surto são antiéticos e desumanos.
Joel salva Ellie
Quando Joel perdeu a filha Sarah, no começo da Parte I de The Last of Us (primeira temporada da série), o choque foi tão profundo que ele nunca mais se recuperou. Nenhum pai deveria ter que enterrar seus filhos! Para Joel, o mundo de The Last of Us trazia circunstâncias ainda mais brutais, o próprio mundo havia se perdido com a pandemia. Na cena em que o soldado atira em Joel com a filha no colo, após tanta luta e desespero para protegê-la correndo dos infectados, observa-se como Joel acreditou que estaria seguro, mas foi só por um momento, o soldado recebe ordens para apontar e disparar, mesmo Joel fazendo de tudo para explicar que ele e a filha não estavam infectados.
Quando recebeu o contrato de levar Ellie, ela era apenas uma carga, era o que dizia sobre ela, se não fosse a persuasão de Tess, talvez nem tivesse aceitado o pedido da "rainha" Vaga-lume, ou desistido em algum momento. Mas, aos poucos, a rigidez foi cedendo, Ellie era parecida demais com a filha Sarah. Em dado momento, revelou que acreditava que se as duas pudessem se conhecer, em outras circunstâncias, seriam grandes amigas, pois muitos dos gostos e até dos jeitos de Ellie lembravam da filha. Aos poucos, Joel tinha novamente alguém especial para cuidar. Conduziu Ellie pelos perigos do mundo de The Last of Us, após salvá-la tantas vezes, protegê-la, lutar por ela, estava claro que Ellie não era apenas uma mera carga, agora ela era como que sua "nova filha".
Quando ela foi entregue aos Vagalumes e Joel ficou sabendo que somente com o sacrifício de Ellie uma cura poderia ser desenvolvida, perder Ellie era como perder a filha pela segunda vez, passar novamente pela mesma tragédia. Seria capaz de suportar mais uma vez? Não havia negociação, os Vagalumes não entregariam Ellie, para eles, o certo era sacrificá-la pela vacina. Desta vez, Joel faria o que não pôde fazer para defender a filha, faria o que for preciso para salvar Ellie. Mas, no processo, assassinou o que restava dos Vagalumes, destruiu as esperanças e esforços do grupo, e mentiu para Ellie, frustrando sua intenção de se sacrificar pela vacina.
Ellie perde Joel
A história de Ellie é cheia de perdas, órfã de pai e mãe, foi mordida por um infectado pela primeira vez junto de sua primeira namorada, Riley, que havia acabado de entrar para os Vagalumes, em uma noite romântica em um shopping, longe da vigilância dos militares, Riley também foi mordida, mas só ela se transformou, Ellie não, descobrindo sua imunidade. Em sua jornada junto a Joel, perdeu Tess, os irmãos Sam e Henry. Quando finalmente encontrou os Vaga-lumes, estava pronta para se sacrificar pela cura, era o seu desejo, acreditava mesmo que este era o seu propósito: acabar com todas aquelas mortes pela infecção do cordyceps, afinal, Riley, Tess, Sam e todos os outros não tiveram a mesma chance.
Mas Joel a tirou de lá, do hospital dos Vaga-lumes, inventou uma história, falou que a imunidade dela não servia, que havia muitos outros imunes, e quando Ellie o questionou, Joel jurou para ela que era verdade, dando a sua palavra. Ellie sempre desconfiou da mentira, alguns anos depois descobriu tudo, a confiança que ela tinha na palavra dele foi quebrada, isso azedou a relação entre os dois. Vivendo em Jackson, Joel era muito protetor, Ellie queria mais independência, aos 19 anos, era ainda mais rebelde, a relação com Joel estava conflituosa. Mas foi então que teve a perda mais dolorosa de toda a sua vida, Joel foi assassinado brutalmente perante os seus olhos, assistiu os últimos instantes da vida dele imobilizada, com a cara no chão, gritando: "levanta Joel!"! Havia se acostumado a acreditar que Joel sempre se levantaria para protegê-la, que ninguém era páreo para ele, desta vez, no entanto, ele não pode se levantar, estava mesmo morto.
Assim como o trauma da morte de Sarah mudou para sempre Joel, Ellie também mudou. Ela reviraria o mundo para caçar e se vingar da mulher de tranças que havia matado Joel. Mas, no processo, assim como Joel, assassinou e até torturou outras pessoas para perseguir seu objetivo. Ellie viu na consequência de seus atos, a terrível dor de matar um inocente, sua vingança resultou na morte de um bebê no ventre de sua mãe, quando procurava por Abby em um aquário. Ela não queria isso, queria Abby, mas as consequências da vingança trazem danos colaterais mesmo aos inocentes, o bebê não tinha nada a ver com aquilo.
Abby perde seu pai
Abby era uma Vaga-lume, assim como Ellie, gostava de animais, ajudou a salvar uma zebra, um encanto parecido ao de Ellie ao encontrar uma girafa pela primeira vez. Junto ao seu grupo, Abby tinha um cachorro, no jogo, é possível brincar com ele. Inicialmente, Abby também tem boas intenções, outra semelhança com Ellie. E assim como Joel, Abby também luta para proteger uma criança, no caso, um Serafita, perseguido pelo próprio grupo e pela WLF (o grupo de Abby). Essas informações foram esclarecidas no jogo e estarão na terceira temporada de The Last of Us na Max. São apenas alguns dados menores para entender um pouco quem é Abby, a mulher de tranças que matou Joel.
Mas se Joel, Ellie e Abby podem ter alguma semelhança, o mundo dos três entra em choque, de uma forma brutal, tornando-os arquiinimigos. Depois que Joel matou o pai de Abby, ela queria vingança, queria que Joel pagasse com dor por ter destruído a vida dela. Ficou obcecada com essa ideia, arriscou tudo por ela. Para o grupo de Abby, Joel merecia morrer. O trauma que Abby sentiu ao perder seu pai, ela vingou no assassino, Joel, causando assim o trauma de Ellie, que perdeu Joel diante de seus olhos.
Como vimos, nas obras do gênero apocalipse zumbi, a situação é tão caótica e desesperadora que os protagonistas precisam se ancorar em um motivo para viver, geralmente, esse motivo, é a conexão com outra pessoa, a amizade, o afeto, e para a proteção dessa pessoa, pela qual se tem uma conexão profunda, os protagonistas fazem qualquer coisa, lutam e arriscam a própria vida. Em The Last of Us Parte II, o que move a narrativa é o desespero das protagonistas que perderam essa conexão. Ellie perdeu Joel e Abby perdeu seu pai. Depois disso, seu mundo interior quebrou, elas não conseguiram mais ser a mesma pessoa.
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